sábado, junho 18, 2005

IDENTITY


de James Mangold, 2003 [EUA]
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Michael Cooney não será um nome muito familiar junto do grande público, mas os seus dois filmes da série «Jack Frost» – sobre um boneco de neve assassino, nem mais – conferiram-lhe um certo estatuto de autor Z que muito se aprecia cá por casa. «Identity», para o qual escrevinhou o argumento, representou a sua porta de entrada no mainstream, e, conhecendo as fitas anteriores, já se sabe que não será assunto para levar a sério. Coisa que não entendeu a generalidade da crítica, que esventrou a fita de cima a baixo, estabelecendo-o como uma escusada variação de «Psycho». Apenas porque a premissa avança com certas semelhanças (o cenário dos crimes, uma surpresa no final), não me parece justo comparar dois títulos perfeitamente distintos no que à consciência da sua própria relevância artística diz respeito. Mas adiante. À custa de uma violenta tempestade, são dez os desgraçados que se refugiam num motel. Como rapidamente se adivinha, um a um, todos irão desaparecer. Resta adivinhar qual deles é o assassino. A ideia é mais velha que o próprio cinema, mas funciona muito bem como invulgar cruzamento de whodunit, slasher e… qualquer coisa mais, que é de bom tom não revelar para que não comecem a adivinhar o que vai acontecer. A realização de James Mangold («Copland») não apresenta grandes rasgos, mas gere eficazmente o suspense – no que é auxiliado pelo sinistro ambiente –, dirigindo duas mãos cheias de excelentes actores (entre os quais John Cusack, Amanda Peet e, principalmente, Clea Duvall) que alinharam na brincadeira. O filme apenas tropeça na obrigatoriedade do twist, que, apesar de não defraudar o espectador e fazer todo o sentido na estrutura da história, retira emoção aos derradeiros minutos. Dito isto, duvido que «Identity» seja fita à qual se regresse várias vezes, mas como viagem única à montanha russa, é divertimento mais do que assegurado.

[Texto editado a partir do original publicado na revista DVD Review, número 30, Abril de 2004.]

(Está por cá editado pela Columbia, num dvd cheio de extras não legendados. Vejam aqui. Se preferirem, a versão britânica parece em tudo idêntica e é bem mais barata. Sigam o link.)