quarta-feira, novembro 01, 2006

INNOCENCE


de Lucile Hadzihalilovic, 2004 [Bélgica/França/GB]
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Um misterioso internato para raparigas, separado do exterior por um enorme muro sem portas. Uma floresta mágica iluminada por lanternas, passagens secretas. Enigmas por resolver como base na educação de um grupo de alunas dos sete aos doze anos. É mais ou menos assim que se pode explicar «Inocência», obra de Lucile Hadzihalilovic, esposa de Gaspar Noë (mas de cujo cinema não podia estar mais distante), discretamente estreada entre nós este ano. Baseada no mesmo texto de Frank Wedekind que já havia servido de inspiração a «Suspiria» (a obra-prima do terror onírico de Dario Argento), é um quase-conto infantil onde o simbolismo e a abstracção emocional servem como motor narrativo. Pouco se explica, porque o que se descreve é o caminho de descoberta individual que se chama crescimento, e tudo é envolvido em enigmáticos quadros de deslumbramento visual. Pelo abraço mágico, pelo sentido de risco e pela frescura (mesmo que tenha parentes distantes: basta lembrar «Picnic at Hanging Rock») é uma das grandes surpresas do ano.



[Texto editado a partir do original publicado na revista DIF, número 46, Novembro de 2006.]

(Superior edição nacional pela New Age, aplicada na transcrição vídeo - não se podia pedir menos num filme que aposta tanto nos visuais - e cuidadosa no número de extras - apenas duas peças documentais ajudam a entender o universo, mas nunca se atrevem a aclarar o que não deve ser aclarado.