JERICHO MANSIONS
de Alberto Sciamma, 2003 [Canadá/GB]
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Uma desilusão para quem se lembra do delirante «La Lengua Asesina» (1996), primeira longa-metragem do espanhol Alberto Sciamma. À terceira investida – novamente uma co-produção, desta vez entre a Inglaterra e o Canadá -, o realizador parece ter decidido dar sinais de amadurecimento, chegando até a convocar um elenco recheado de has-beens (Geneviève Bujold – velhíssima -, James Caan) e estrelas sexy da série B actual (Jennifer Tilly). Nada resta aqui do gay-trash-camp-gore da sua fita mais conhecida, apresentando-se uma história bem mais sóbria (um assassínio num decadente prédio de apartamentos leva o porteiro a suspeitar de todos inquilinos, incluindo de si próprio), e malabarismos vários de uma steady-cam em constante promiscuidade com o trabalho da equipa de CGI. Visualmente tenta estar à altura do trabalho de David Fincher (há planos nitidamente surripiados a «Panic Room»), mas o orçamento modesto coíbe-lhe as intenções. Tematicamente, alia-se ao thriller hitchcockiano, mas sem talento para gerar a mínima tensão ou empatia pelos seus pedaços de personagens. E, para dar um tom ainda mais sério à coisa, adopta a respiração sonâmbula de muito do fantástico pós-«Sixth Sense», não por necessidade dramática, apenas para esticar os entretantos da fita até ao desenlace "surpresa".
[Texto editado a partir do original publicado na revista DVD Review, número 33, Julho de 2004.]
(Edição nacional pela Trisan, sem extras. Há a opção região 1, mas as coisas não são melhores, ainda por cima a fita vem em fullscreen.)