quinta-feira, setembro 29, 2005

NAKED KILLER


de Clarence Fok Yiu Leung, 1992 [Hong Kong]
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Outro célebre título de Hong Kong dos anos 90 com o rótulo "categoria III" envolve um conflito entre dois grupos rivais de lésbicas assassinas. Kitty (Chingmy Yau) é amparada pela Sister Cindy (Kelly Yao), mentora de Princesa (Carrie Ng), que entretanto a renegou e quer eliminar. Mas Princesa começa também a cobiçar a nova pupila da antiga mestra, ferindo os sentimentos da sua "sidekick", Baby — a japonesa Svenwara Madoka, contratada para as cenas de nudez mais naturais, já que as actrizes de Hong Kong são tradicionalmente tímidas nesse capítulo. Pelo meio, temos quem seria o "herói" num filme normal, Tinam (o veterano Simon Yam), um polícia que, depois de uma experiência traumática, não consegue erguer a arma sem ter vómitos (uma metáfora pouco subtil, num filme dominado pelo poder feminino).
Com elementos aproveitados de «Instinto Fatal» e do clássico de 1972 da Shaw Brothers, «Intimate Confessions of a Chinese Courtesan», «Assassina Nua» (no título nacional) mistura erotismo, acção impossível e algum humor tolo. Mesmo sendo um exploitation, que começou a carreira em sessões da meia-noite em Hong Kong, o orçamento limitado é bem aproveitado, com uma montagem dinâmica e uma fotografia por vezes deslumbrante, enquadrando o vestuário retro das actrizes e alguma decoração de interiores semi-kitsch, com cores berrantes a inundarem o ecrã.
As primeiras edições em vídeo vinham com a versão original de cinema, com cortes e até bleeps na banda sonora (no termo de calão cantonês para "pénis"). As mais recentes têm mais nudez, massagens de relaxe e sangue a jorrar — até, por vezes, tingir a objectiva. (Títulos originais: «Chik Lo Giu Yeung/Naked Killer».)

(DVD nacional a partir do master da Fortune Star de Hong Kong, editado pela Prisvideo na colecção CineÁsia. É a versão original, com som remasterizado e inclui entrevistas nos extras. A edição da HKL (Reino Unido) inclui um comentário áudio com o realizador e entrevistas. Se optar por uma edição chinesa escolha bem a loja e certifique-se que não está a adquirir a versão censurada. No entanto, esta é uma boa oportunidade para apoiar o produto nacional, tendo em conta que ainda hoje se vão editando filmes asiáticos de acção em versões previamente adaptadas para o mercado americano, com cortes e dobragem sem possibilidade de optar. Esta edição, tal como as recentemente editadas noutros territórios, peca por não incluir o som original em mono.)
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