quarta-feira, setembro 07, 2005

OPEN WATER


de Chris Kentis, 2003 [EUA]
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TRAILER / SITE OFICIAL
Deu que falar no Sundance Film Festival de 2004 e é fácil perceber porquê. Numa altura em que Hollywood atravessa a pior crise de ideias de que há memória, um filme de orçamento resumido (130 mil dólares) e história de apelo universal só pode voltar a pôr as coisas na perspectiva correcta e cimentar a reputação indie: afinal, basta uma câmara de vídeo digital, um par de actores e uma premissa coerente para pôr as coisas a andar. «Open Water» foi um surpreendente êxito de bilheteira, apoiado por um enorme hype criado pelo circuito dos festivais e pelo boca-a-boca da Internet, e assegurado por uma ideia cinematográfica que cruza a vertente arty (que remete para a austeridade Dogme95 - influência assumida) com géneros populares como o são o filme de náufragos e tubarões. «Jaws» revisto por Lars Von Trier? Sim, se ao filme de Spielberg se retirassem os efeitos especiais (estes monstros marinhos são reais!) e a escala épica do embate Homem-Natureza, e se ao dinamarquês fosse pedido que moderasse as suas experimentações vistosas para se concentrar na forma de contar uma história recta. «Open Water» é isso: um filme directo e tremendamente eficaz no que à gestão da tensão diz respeito. Se, por fim, não visita águas mais profundas (há aqui uma austeridade dramática que tem pavor de um maior envolvimento emocional), é porque a sua própria natureza cautelosa assim o decidiu.

[Texto editado a partir do original publicado na revista DIF, número 31, Setembro de 2005.]

(Em edição nacional da LNK, o DVD oferece três peças documentais, entre outros extras relevantes. Caso prefiram - mas neste caso não há grande vantagem, nem a nível de preço, nem de extras - aqui ficam os links para a versão inglesa e americana.)