CANNIBAL APOCALYPSE
de Antonio Margheriti, 1980 [Itália]
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Um vietvet desperta para uma espiral de impulsos canibais quando um seu companheiro de guerra recebe alta de um hospital psiquiátrico. Juntos vão tentar combater o mal de que padecem, ao mesmo tempo que tentam fugir às autoridades e resgatar a família do lugar de pesadelo para onde todos foram arrastados.
O zombie spaghetti e as histórias canibalistas acabaram quase sempre metidos na mesma panela, mas «Cannibal Apocalypse» junta-lhe alguns condimentos novos: muita acção urbana, vertente "survival" derivada do cinema de guerra (um pouco como «Rambo» o faria dois anos depois), melodrama over-the-top e alegoria poética (o contágio da violência, conceito primitivo tornado vírus). Só por isso, este «Apocalypse Domani» (título original italiano) já se destacaria de muitos dos seus pares, mas há também indícios de profundidade dramática - coisa rara por aqui - e um trabalho de câmara empenhado em levar a coisa para o lado de lá da rotina. Os defeitos e taralhoquices que já se esperam neste tipo de coisas são também contornados por algumas interpretações sérias (John Saxon está um estrondo) e pelo tom geral de loucura, quase palpável, que acaba por colar todos os ingredientes da forma mais insólita. Quentin Tarantino gaba-se de ter «Cannibal Apocalypse» na lista dos seus filmes preferidos (haverá filme de que o homem não goste?). Na realidade, é por causa de títulos como este que nascem diariamente novos adeptos para a causa do extinto cinema de género italiano.
(Edição região 1 da Image, sem legendas mas com mais de hora e meia de suculento material adicional. Segue o link.)