quarta-feira, janeiro 04, 2006

ONIBABA


de Shindo Kaneto, 1964 [Japão]
☻☻☻☻☻
Um dos títulos de Shindo que ganhou alguma popularidade do Ocidente, «Onibaba» baseia-se num conto budista, mas o realizador extrapola largamente para lá do intuito da moralidade original, desenvolvendo uma história sobre sobrevivência em condições extremas e desejo sexual.
Durante um longo período de guerras, com apoiantes de dois imperadores a degladiarem-se pelo poder supremo no Japão, duas mulheres, sogra e nora, vivem numa cabana, no meio de um canavial. A escassez de alimentos força-as a tornarem-se numa espécie de abutres humanos: acabam com a miséria de samurais moribundos, para posteriormente trocarem as suas armaduras e espadas por arroz e outros bens essenciais. Certo dia, um vizinho regressa e as hormonas da mais nova entram em erupção. A sogra receia pelo fim da sociedade e tenta impedir os encontros nocturnos.
«Onibaba» encerra uma dimensão simbólica — socialismo, luta de classes, etc. e tal — mas é apreciado primordialmente pelos sentidos, pela sua forte estética (excelente composição scope a preto e branco) e pela exultação dos instintos básicos do ser humano: sobrevivência primeiro, sexo depois.


(Duas edições de referência: Criterion, dos EUA, e Eureka!, do RU. A Eureka!, inserida na colecção Masters of Cinema parece ter a melhor transferência, além de reunir extras da edição Japonesa e da Criterion: comentário áudio legendado com o realizador e dois actores, galeria de imagens, 40 minutos em Super 8 nos bastidores do filme, trailer original, introdução vídeo pelo cineasta Alex Cox e ainda um livrete de 24 páginas, com um ensaio, declaração do realizador, a segunda parte de uma entrevista — é preciso comprar «Kuroneko» e «Naked Island» da mesma colecção, para o texto completo — e o conto budista que inspirou o filme. Há que apreciar também as belas capas desta colecção. A opção mais barata será na CD-Wow)
www.asia.cinedie.com