STREET TRASH
de Jim Muro, 1987 [EUA]
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Muito tempo antes de o terror norte-americano se resumir a fitas preguiçosas baseadas em remakes e variações infinitas de ideias gastas em versão PG, havia gente que se dedicava a projectos que não lembravam ao diabo. A segunda metade da década de 80 foi particularmente fértil em filmes que aliavam o gore mais extremo à comédia alucinada, e o resultado era, em grande parte das vezes, uma excentricidade pegada para esfregar na cara do conformismo. A mama tinha que acabar, mas felizmente que lá vão recuperando alguns desses títulos tão obscuros quanto venerados por admiradores incondicionais que não devem bater bem da cabeça.
«Street Trash» é um desses casos extremos, talvez o mais extremos dos casos extremos: o tom é de comédia (muito) pesada e conta-se a história de um grupo de marginais e mendigos da lower Manhattan, e da forma como se vão desfazendo em gosma azulada sempre que uma misteriosa bebida lhes aparece à frente. Não há personagens simpáticas, nem sequer alguma ideologia social que pareça fazer sentido para lá do massacre visceral que termina invariavelmente em coloridos cocktails de pús e sangue. Pronto, agora que já perceberam o estilo, talvez queiram saber que o filme é uma loucura pegada, com um ritmo frenético e sempre muito divertido. Mais: que está surpreendentemente bem filmado e montado, algo pouco vulgar em orçamentos deste tipo. Jim Muro, realizador, impressionou tanto com o seu trabalho de steadycam que foi convidado para fazer o mesmo em fitas como «Terminator 2», «Titanic» e o recente «Crash». E, como curiosidade final, Bryan Singer (sim, esse) deu aqui os primeiros passos. Mas lá está: pús e sangue. Não é para todos.
(Edição região 1 da Synapse aqui. Não tem legendas nem extras traz um booklet informativo e dois autocolantes para se fazer a bebida reproduzida aí em cima na imagem.)