quinta-feira, abril 28, 2005

NIGHT OF THE BLOODY APES / FEAST OF FLESH


NIGHT OF THE BLOODY APES, de René Cardona, 1968 [México]
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Escrito pelo filho Cardona e realizado pelo pai Cardona, este é, na verdade, um upgrade de «Doctor of Doom», lançado pela dupla em 1962. Um cirurgião, desesperado por não conseguir salvar o filho das portas da morte, transplanta-lhe o coração de um gorila que havia raptado do jardim zoológico. Os resultados são desastrosos, com a transformação imediata do rapaz num mutante de feições símias e tendências homicidas ("o coração do gorila é demasiado potente para o cérebro humano!", explica o doutor), e há que reverter o processo antes que seja tarde demais. O cirurgião não se chama Herbert West, mas este tipo de absurdo científico bem que podia caber num filme da série «Re-Animator». «La Horripilante Bestia Humana» (no título original, bem mais esclarecedor) é um exploitation mexicano, repleto de violência "fake" (o "gorilomem" parece ter uma apetência por rasgar o latex da cara das suas vítimas), cenas verídicas de operações ao coração e combates de wrestling feminino (!). Alto teor de demência, não aconselhável a quem acha que «Star Wars» é o exemplo máximo da expressão filme-culto.

FEAST OF FLESH, de Emilio Vieyra, 1967 [Argentina]

[«Feast of Flesh» é mais conhecido como «The Deadly Organ» - ou «Placer Sangriento», no original - , mas uma vez que assim surge intitulado no DVD da Something Weird, adoptamos esse como nome principal para uma melhor identificação.] Numa qualquer estância de Verão na América do Sul, umas quantas miúdas beatnik, adeptas do topless e de namoricos em grupo, começam a desaparecer. Vai-se a ver e é um tipo mascarado, com manias de Fantasma da Ópera, que lhes injecta heroína para as transformar em escravas sexuais. Não costuma ser bom sinal quando um filme começa uma história destas e a nossa vontade imediata é a de pegar no telecomando e fazer fastforward. Não que o filme do prolífico argentino Emilio Vieyra seja alguma atrocidade (há aqui muito material para satisfazer os apreciadores do submundo trash), acontece que o realizador não sabe de todo como cozinhar tanto ingrediente saboroso. Ainda assim, «Placier Sangriento» é um interessante documento "histórico", já que o low-budget deixa sempre transparecer uma verdade que revela mais do seu tempo que qualquer peça de intenções sérias e documentais.

(A edição da Something Weird é tão boa que nem importa que os dois filmes não sejam nada de especial. Isto porque, como quase sempre na editora, traz uma boa dúzia de trailers de outros filmes "raros", algumas curtas obscuras, galerias de imagens de deixar os olhos arregalados, etc. Vale a pena e está aqui.)