VIDEODROME
de David Cronenberg, 1982 [Canadá]
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O filme que definiu, de uma vez por todas, as regras e obsessões do cinema de David Cronenberg relata uma investigação ao submundo snuff, local obscuro de contornos definidos pela pornografia sadomaso e pelo controle (remoto?) dos seus espectadores. James Woods é Max Renn, executivo de uma pequena produtora de televisão, que, ao procurar um novo formato de programa-choque, depara com uma emissão clandestina que ilustra a actividade sexual com overdoses de hiper-violência. É o «Videodrome», um estado alucinatório de jogos carnais (dominados pela presença de Deborah Harry, aqui num dos seus primeiros papéis de relevo), conspirações de extrema-direita e transmutações musculares - «long live the new flesh!».
«Videodrome», título a vários níveis muito à frente do seu tempo, é, ao mesmo tempo, um ensaio para «The Fly», «Naked Lunch», «Crash» e «Existenz» (sendo este praticamente um remake, alterando-se a indústria do vídeo pela dos vídeojogos) e o filme mais imprescindível do seu realizador.
[Texto editado a partir do original publicado na revista DIF, número 26, Março de 2005.]
(A americana Criterion lançou recentemente o filme numa edição (região 1) simplesmente espantosa. É uma caixa disfarçada de VHS, que contém dois discos DVD - cheios de extras importantes - e um livrete com ensaios sobre o filme. Comprei no eBay, porque a edição é cara, mas há muitos sítios onde a adquirir, a começar pela Amazon.)