DAZED AND CONFUSED

de Richard Linklater, 1993 [EUA]
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TRAILER
Em 1991, um pequeno filme fez história. Chamou-se «Slacker», custou apenas 23 mil dólares e fez com que o cinema independente americano voltasse a ser o centro das atenções, abrindo terreno para que tipos como Larry Clark ou Kevin Smith vissem facilitada a sua vida na indústria. O autor de tal proeza chamou-se Richard Linklater, então um jovem de 29 anos que mais não fez do que filmar personagens que se assemelhavam a si próprio e ao seu grupo de amigos. São miúdos-adultos sem grandes senhos ou ambições, gente que gosta da sua festarola, mas que desemboca permanentemente em medos e frustrações, enfim, miúdos a sério. E foi este realismo o que marcou a diferença: câmara ao ombro, um grupo de jovens actores a conversar sobre banalidades enquanto esvaziam uma cerveja, e um talento pouco vulgar para registar os gestos do dia-a-dia.
«Dazed and Confused» (o título nacional é dantesco: «Juventude Inconsciente») é isso mesmo. Rodado dois anos após «Slacker», com um orçamento mais razoável - que foi direitinho para o excelente ensemble cast -, trata novamente de miúdos que podiam ser nossos vizinhos do lado. Neste caso, tudo se passa no último dia de aulas de uma escola no final dos anos 70, antes das férias de Verão e da ida para a faculdade. São 24 horas filmadas como um momento suspenso (truque que Linklater repetiria em «Before Sunrise» e «SubUrbia»), um período em que "nada se passa", apenas as emoções em tempo real.
Alguém referiu «American Graffiti», e a comparação vem a propósito. Para além dos paralelismos mais óbvios (ambos retratavam uma geração anterior, acabando por reflectir reflectiam a juventude da sua própria época), tanto um como outro alcançaram cult status imediato (e a influência do filme de Linklater chegou a todo o lado, desde a televisão - a série «Freaks and Geeks» - à imprensa "juvenil" - a revista de lifestyle com o mesmo nome), lançando inúmeros dos seus participantes para o estrelato. Parker Posey, Ben Affleck, Milla Jovovich, Jason London, Matthew McConaughey ou Adam Goldberg são apenas alguns dos nomes mais reconhecíveis, todos eles em composições inesquecíveis.

[Texto editado a partir do original publicado na revista DVD Review, número 21, Julho de 2003, com o título "Miúdos".]

(Foi lançando por cá em 2003 pela Universal, numa edição sem extras, adaptada das semelhantes versões lá de fora. Entretanto saiu em Inglaterra uma outra edição melhorada a nível de extras. Traz duas featurettes. Vejam-na aqui. A americana ainda é mais completa, acrescentando cenas inéditas. Aqui está.)