BLUEBERRY: L'EXPÉRIENCE SECRÈTE
de Jan Kounen, 2004 [México/França/GB]
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TRAILER / SITE OFICIAL
Mesmo que os incondicionais das histórias criadas pela dupla Charlier-Giraud insistam que esta fita nunca devia ter existido, há em «Blueberry» suficiente material de interesse para adeptos de uma certa contra-cultura arty que, quando aliada ao western, julgávamos arredada dos ecrãs desde o formidável «El Topo» (obra máxima do surrealista chileno Alejandro Jodorowsky, colaborador de Moebius – alter-ego de Giraud – na série de banda desenhada «O Incal»). A fita de Jan Kounen, realizador do violentíssimo «Dobermann», assume-se desde o início como uma adaptação livre das histórias de Blueberry, aproveitando certos elementos da narrativa, mas partindo para um universo radicalmente diferente. O resultado é um filme dopado que mete cowboys em viagens interiores, misticismos new-age, imagens filtradas por uma mente em overdose de CGI ácido e uma a história que serve apenas como esqueleto para as várias alucinações visuais. Já deu para perceber que não é coisa para todos os estômagos, até porque tamanha dose de estimulantes acaba por desfazer o sistema nervoso central da película em pedacinhos, mas como experiência sensorial é qualquer coisa de nunca visto. Mesmo que, chegado ao banho final em nu integral de Juliette Lewis, o espectador termine com um enormíssimo ponto de interrogação por cima da cabeça.
«Blueberry» é tiro que sai completamente ao lado e se orgulha disso mesmo.
[Texto editado a partir do original publicado na revista DIF, número 32, Outubro de 2005.]
(Editado por cá pela LNK, infelizmente sem os extras que podemos encontrar, por exemplo, na versão espanhola.)