domingo, outubro 09, 2005

LES CHORISTES


de Christophe Barratier, 2004 [França]
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Enquanto Hollywood insiste em vampirizar as memórias cinéfilas através de sucessivos remakes que mais não fazem do que adaptar os clássicos de forma a serem mais facilmente assimilados pelo mercado teenager (leia-se efeitos especiais actualizados, caras conhecidas, argumentos simplificados e aligeirados para toda a família), não deixa de ser curioso constatar como em França o filme mais lucrativo de 2004 tenha sido um objecto assumidamente anacrónico, na forma académica como lida com o seu próprio passado. Mais engraçado ainda é que a fita em questão, «Os Coristas», realizada pelo estreante Christophe Barratier, tenha acabado mesmo por se tornar um relativo êxito no mercado de importação norte-americano, consequência de duas nomeações para os Óscares, nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Banda-Sonora.
Narra-se aqui a história de um compositor tornado professor durante o pós-Guerra francês, e a sua relação com um grupo de alunos insubordinados num colégio interno. Dessa aprendizagem resultará um grupo coral, e o filme acaba por se fazer em volta da interferência da autoridade nas relações humanas (e, em última análise, na forma como estas últimas afectam a primeira). É um tema já visto em êxitos não muito distantes como os americanos «Mr. Holland’s Opus» ou «Dead Poets Society», mas a inspiração principal cabe a «La Cage aux Rossignaux», sucesso francês de 1947. A revisitação, alheada de qualquer complexo de modernidade, permite assim o apelo universal de um filme sensível, de uma simplicidade a toda a prova.

[Texto editado a partir do original publicado na revista DIF, número 32, Outubro de 2005.]

(Em edição da New Age, chega ao mercado DVD numa óptima edição em disco duplo, recheada de vários documentários. Não se pode pedir muito mais. De qualquer forma, aqui fica o link para a alternativa francesa.